Em um mundo marcado por entrega de resultados, profissionais se veem cada vez mais pressionados e forçados a passar de seus limites. No entanto, esse esgotamento pode evoluir para a Síndrome de Burnout.
Venha conferir neste texto o que é esta nova doença do trabalho, como agem as pessoas que estão sofrendo com ela e também dicas de como preveni-la em meio a correria do dia a dia.
Vamos saber mais?!
O que é Burnout?
O termo Burnout vem de origem inglesa e significa esgotamento ou combustão completa, sugerindo a queima total de energia.
O número de pessoas nesta situação está cada vez maior, levando a Organização Mundial de Saúde a reconhecer o Burnout como doença na Classificação Internacional de Doenças – uma lista de enfermidades e estatísticas de saúde.
Só no ano de 2022, a doença chegou a atingir cerca de 32% dos brasileiros, de acordo com estimativa da International Stress Management (Isma-BR).
Em resumo, o Burnout é uma condição que não leva apenas à fadiga, mas também pode criar sentimentos de frieza e apatia nas pessoas, que priorizam a entrega de resultados como único ponto importante.
Um ponto relevante de se ter conhecimento sobre esta síndrome é que ela não acontece de forma rápida e imediata. Em geral, é algo gradual e que se desenvolve com o tempo, e acaba consumindo de forma silenciosa as pessoas.
Leia também o nosso texto que explica com detalhes a diferença entre boreout e burnout, as síndromes que mais atinge profissionais de todas as idades.
Como age uma pessoa com burnout?
A Síndrome de Burnout também pode ser chamada de Síndrome de Esgotamento Profissional.
Ela é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e sociais que são desencadeados e reforçados pela ausência de satisfação e percepção subjetiva de sobrecarga presente em profissões em que o contato interpessoal é intenso.
Segundo a psicóloga Ana Lúcia Silva, do Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein, a característica principal para constatar a Síndrome é quando o profissional sente-se sobrecarregado por tarefas simples de sua rotina de trabalho e não trata isso de forma correta.
Além disso, a pessoa também pode apresentar queixas físicas como dores e mal estar, assim como queixas emocionais como tristeza, agitação, sentimento de incapacidade.
A psicóloga explica que “Também é comum o isolamento social, mas uma característica marcante é um ‘quê’ de ironia, sarcasmo e descrença no trato com colegas e usuários do serviço em que trabalham.”
O que causa a Síndrome de Burnout?
A causa mais comum para este tipo de manifestação é a falta de equilíbrio entre o profissional e o pessoal. Para a psicóloga Adriana de Araújo, a causa vem do excesso de horas de trabalho, falta de tempo para outras áreas da vida e desorganização pessoal.
A falta de conhecimento dos próprios limites, dificuldade em negar demandas de trabalho e incapacidade de perceber as consequências das ações em desarmonia antes que se tornem problemas maiores são outros fatores que podem chegar ao burnout.
“Pessoas com a Síndrome normalmente sentem-se injustiçadas e pouco valorizadas no que fizeram profissionalmente. De fato, fazem além da conta e nem sempre a empresa percebe ou pode ser conivente com esse tipo de ação. É comum perceber que são pessoas muito responsáveis, dedicadas e antes apaixonadas pelo que faziam”, ressalta Adriana.
Ainda segundo Ana Lúcia, um dos aspectos determinantes para desencadear a Síndrome de Burnout é a realização profissional.
“Profissionais que experimentam muita frustração em relação ao desempenho de suas tarefas ou têm alto grau de expectativa quanto a gratificação, seja financeira ou não, são mais suscetíveis à doença”, enfatiza a psicóloga.
Veja em um outro texto como ter um ambiente de trabalho seguro psicologicamente e mantenha as síndromes bem longe de você.
Os sintomas do Burnout
Os sintomas podem ser divididos em três grupos: cansaço emocional e físico, sinais de desapego, sensação de não realização e ineficiência.
Sendo assim, podemos ressaltar:
1. Cansaço emocional e físico
No primeiro caso, os sintomas são mais perceptíveis, pois afetam diretamente o bem-estar físico e psicológico.
Dificuldade para dormir (insônia), fadiga crônica, perda de apetite, esquecimento e dificuldade de concentração, ansiedade, raiva e até mesmo depressão são alguns dos mais comuns.
2. Sinais de desapego
Já quando ocorrem os sinais de desapego, vemos uma mudança em relação à perspectiva da realidade.
Podemos notar um grande aumento do pessimismo e do isolamento, uma vez que essas pessoas acabam se distanciando das demais por conta do estresse e da necessidade de produzir.
O isolamento acaba por agravar a falta de lazer e intensifica a perda de prazer – outro sinal. Além disso, a ausência de prazer no que se faz pode ocorrer no ambiente de trabalho também, criando aquela sensação de não querer trabalhar em um ciclo vicioso.
3. Sensação de não realização e ineficiência
E quando existe a sensação de não estar realizado e de ineficiência, a falta de esperança e a apatia são sinais evidentes.
Em muitos casos, pode ocasionar um sentimento de desespero, algo que agrava ainda mais a ansiedade e a depressão. Além disso, é possível notar uma queda de desempenho, pois, apesar das longas horas, o cansaço vence e acaba diminuindo o rendimento dos profissionais.
Todos eles começam de forma menos intensa e vão se agravando conforme o tempo passa e a situação se mantém. Esta é uma doença que se manifesta gradualmente, podendo piorar consideravelmente se não for tomada nenhuma medida.
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Como prevenir o Burnout
Sabendo dos sintomas, é importante entender quais ações será preciso tomar para que se evite este tipo de desgaste, assim como o desenvolvimento da síndrome e de sua evolução.
Confira algumas dicas da TotalPass que podem te ajudar a evitar essa síndrome e ser mais feliz em seu trabalho:
1. Estabeleça limites
Não é fácil ter esta conversa, mas é importante que você procure falar com seu gestor ou superior e crie alguns limites profissionais.
Este é um ponto-chave na luta contra o Burnout, uma vez que a redução da carga diminui o estresse acumulado.
2. Priorize também os momentos de lazer
Ter uma válvula de escape e momentos de diversão faz toda a diferença, pois alivia o estresse, renova as energias e faz com que o descanso seja possível.
É vital termos momentos de lazer, para que nossa saúde mental não fique comprometida. Por isso, tire um tempo para você e faça pequenas pausas durante o expediente.
3. Mude um pouco a rotina
Criar novas rotinas pode fazer muito bem à saúde mental. Inserir atividades inéditas e afazeres no dia a dia ajuda a quebrar a sensação de estar preso em um ciclo.
Além disso, experimentar coisas novas sempre é positivo e pode despertar sua paixão por algo que ainda não conhecia. Aposte nisso!
4. Mantenha o sono regulado
A falta de sono é um agravante muito característico em situações de estresse. Não dormir causa muita irritabilidade e pode intensificar os sintomas do Burnout.
Procure criar um ambiente tranquilo e relaxante, que permita dormir, no mínimo, oito horas por noite. Caso isso não ocorra, busque ajuda de um profissional.
5. Fazer exercícios físicos
Encontrar o tempo para se exercitar é difícil, mas a prática regular de atividades físicas, além de liberar endorfina no organismo, também ajuda a aliviar o estresse do corpo.
Você não precisa apenas ir à academia para se exercitar. Saia para caminhar com o cachorro, faça corridas no parque e/ ou até mesmo se alongue dentro de sua casa. O que não pode é ficar parado!
6. Procure ajuda profissional
Dialogar sobre nossos problemas é muito importante para processá-los. Por isso, se estiver neste tipo de situação, procure um profissional para ajudá-lo.
Conversar com psicólogos e fazer terapia é um primeiro passo desafiador, mas vale a pena!
Para tratar o Burnout, é imprescindível o acompanhamento com profissionais, psiquiatras e psicólogos, pois estes profissionais saberão individualizar o tratamento dependendo do caso e tomar medidas mais drásticas, caso seja necessário.
Além disso, afastar-se de um ambiente tóxico, que está te fazendo mal, também é válido neste momento.
Muitas pessoas não sabem, mas o diagnóstico de síndrome de Burnout torna o trabalhador elegível para afastamento pelo INSS. Esse afastamento remunerado pode ter duração de pelo menos 12 meses.
Burnout no trabalho
Como já visto aqui, muitos profissionais encontram-se em estágios agudos de estresse e passam a perder o interesse no trabalho e no relacionamento interpessoal.
O nível mais alto é quando o profissional perde as condições de interagir e foco no trabalho – em alguns casos, os indícios podem ser a Síndrome de Burnout.
Pensando nisso, atualmente a Síndrome de Burnout é considerada sim um risco à saúde e também ao trabalhador. Conheça mais sobre isso nos próximos títulos.
A síndrome se torna doença do trabalho
Foi a partir do dia 1 de janeiro de 2022, que entrou em vigor a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID 11. Com isso, o Burnout passa a ser tratado de forma diferente.
Basicamente, a síndrome é oficializada como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Quando anteriormente ela era considerada ainda como um problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico.
A alteração aconteceu em conferência da organização em 2019, mas o documento se tornou válido apenas no ano seguinte. Para alterar o documento, a OMS analisa estatísticas e tendências da saúde.
O que muda na prática?
Se antes o esgotamento e o estresse preocupavam a gestão de pessoas pela falta de engajamento, menor produtividade ou a perda de profissionais, agora o Burnout ganha mais um fator de risco jurídico e financeiro.
Primeiramente as empresas devem investir na saúde mental dos colaboradores. E algumas medidas já estão sendo tomadas, como a implementação de um programa de saúde mental, benefícios como vale psicoterapia, incentivo a prática de exercícios físicos, a interação entre equipes, entre outros.
Portanto, falar hoje sobre a carga horária ultrapassada, demandas cansativas e saúde mental já é algo dentro das pautas de gestores e empresas.
A importância do apoio das empresas para com as pessoas que sofrem com o Burnout no trabalho
Além de trazer novos reconhecimentos perante os profissionais que alegam estar sofrendo com o burnout, cabe às empresas prestarem toda a assistência necessária quando o caso é presente em sua equipe.
O tratamento sintomático das queixas físicas e a psicoterapia para tratar as questões e conflitos emocionais são essenciais no início do quadro.
“Vale lembrar que esta é uma doença incapacitante e quando instalada exige que o profissional seja deslocado de sua função”, destaca Ana Lúcia.
Ainda segundo a psicóloga, a pessoa precisa encontrar sua motivação pessoal para desempenhar suas atividades e reconhecer suas angústias frente aos conflitos de seu exercício profissional. “Fazer escolhas e assumir a responsabilidade pelo gerenciamento da própria carreira é essencial”, aborda a profissional.
Já para Adriana, a busca pelo autoconhecimento deve ser diária, assim como, aprender a se comunicar com outros de forma saudável.
“As empresas devem contribuir com o bom senso, existem resultados inatingíveis, metas inviáveis sem perceber que ao invés de motivar com esse tipo de comportamento destroem a autoestima do funcionário e massacram sua mente”, realça a psicóloga.
Cada vez mais as empresas têm oferecido benefícios que favorecem a qualidade de vida e estimulam o engajamento de seus funcionários em ações sociais.
Este tipo de programa auxilia a pessoa a obter outras fontes de satisfação que não só a atividade profissional. “Os planos de carreira que permitem que ao longo do tempo os profissionais passem a desenvolver atividades diferenciadas, também são um exemplo de ação protetora contra a Síndrome de Burnout”, finaliza Ana Lúcia.
Gostou de aprender mais sobre burnout e como evitá-lo em seu trabalho? Então, aproveite e compartilhe com seus amigos nas redes sociais!
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