Estratégias de busca de emprego para PcDs, por Jéssica Paula

A Catho realizou mais uma edição do Mutirão de Empregos PcD, visando incentivar a contratação de pessoas com deficiência nas empresas e, para falar mais sobre o tema, convidamos a jornalista Jéssica Paula, para contar sua experiência como PcD e trazer dicas para quem busca um novo emprego.


Olá! Meu nome é Jéssica Paula, e vivo com uma deficiência física desde os 6 anos de idade. Aos 18 anos, consegui meu primeiro emprego de telemarketing – na época, encontrei a vaga nos classificados do jornal.

Peguei uma caneta e circulei as ofertas que faziam sentido para mim, comprei um cartão telefônico, fui até um orelhão e liguei para cada um desses lugares. Imprimi várias cópias do currículo, e levei em cada uma das empresas, percorrendo a cidade de ônibus.

Em 2010, eu não fazia ideia da existência de sites para vagas de emprego, como é o caso da Catho. Agora, já não precisamos mais enfrentar essa “via-sacra”, mas algumas dúvidas e impasses ainda permanecem.

Em 1991, quando a Lei de Cotas chegou ao Brasil, foi um passo significativo no mercado de trabalho. No entanto, sua eficácia ainda enfrenta uma dicotomia: por um lado, 12 milhões de PcDs disponíveis para trabalhar no Brasil, de outro, empresas se queixam por não encontrar profissionais qualificados.

Por isso, selecionei algumas estratégias práticas para pessoas com deficiência que estão em busca de oportunidades de emprego, confira a seguir!

1. Prepare-se adequadamente

Se a legislação brasileira garante a existência de vagas para PcDs, para ser o dono do currículo escolhido, é preciso mais. Invista na sua formação acadêmica e profissional. Além disso, certificações e cursos complementares podem fazer a diferença.

Há uma série de universidades públicas e outras instituições que oferecem uma gama de cursos extracurriculares online e gratuitos em diferentes áreas.

2. Primeira oportunidade de emprego

Caso esteja em busca do primeiro emprego, traga experiências voluntárias, participação em projetos da escola ou universidade. Vale até mesmo ações desempenhadas para ajudar sua família ou amigos que demonstrem suas habilidades e seu interesse na área de atuação.

Experiência em outro emprego não é a única forma de provar que se é bom no que faz. O segredo é entender quais habilidades você utilizou para resolver um problema em outros contextos de sua vida.

Destaque suas habilidades transferíveis, como comunicação, trabalho em equipe, organização, resolução de problemas, capacidade de aprendizado rápido, entre outras.

3. Proatividade vem antes da contratação

Participe de eventos, feiras de emprego e grupos de interesse da sua área. Conhecer pessoas e garantir um bom networking fará diferença na busca por emprego.

Caso, você busque por uma vaga que demande escrita de textos, por exemplo, escreva artigos sobre temas da sua área e acrescente ao seu portfólio, será importante para o recrutador avaliar suas habilidades. A proatividade também pode ser observada no currículo.

4. Pesquise sobre a empresa

O receio de não ser bem acolhido, passar por situações capacitistas ou constrangedoras pode nos travar. Para isso, essas são algumas formas de verificar se uma empresa é realmente inclusiva. Confira a seguir:

Políticas de diversidade e inclusão

Verifique se a empresa possui políticas formais de diversidade e inclusão publicadas em seu site ou redes sociais.

Certificações

Empresas inclusivas costumam ser reconhecidas por suas práticas. Verifique se ela possui certificações como Selo de Diversidade ou outros reconhecimentos na área.

Feedback

Busque avaliações de funcionários atuais ou antigos da empresa, seja através de sites de avaliações de empregadores ou pelas redes sociais.

Eventos e programas de inclusão

Acompanhe se a empresa promove eventos ou programas voltados para a inclusão de pessoas com deficiência ou outros grupos minorizados. Este pode ser um bom indicativo de compromisso com a diversidade.

5. Conheça os direitos para pessoas com deficiência

Esteja ciente das proteções e recursos disponíveis para pessoas com deficiência no ambiente de trabalho. A legislação vai muito além da Lei de Cotas, dentre elas:

Estatuto da Pessoa com Deficiência

Abrange direitos trabalhistas, proíbe discriminação no trabalho, e assegura acesso a oportunidades de emprego.

Decreto para Integração da Pessoa com Deficiência

Define critérios para a caracterização da deficiência e direitos à acessibilidade no mercado de trabalho.

Convenção sobre Direitos da Pessoa com Deficiência da ONU

Assinada pelo Brasil em 2008, estabelece diretrizes para garantir diversos direitos, incluindo ao trabalho em condições de igualdade e acessibilidade.

Norma Regulamentadora 17 (NR-17)

Emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece diretrizes sobre ergonomia, visando adequar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos profissionais, inclusive com deficiência.

Emprego não é caridade

A participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho não é apenas uma questão de justiça social. Ela promove um ambiente de trabalho mais dinâmico, criativo e produtivo.

Abrir as portas para talentos diversos não se trata de assistência social, mas de resultados para os negócios e para a economia nacional.

Dados do mercado de trabalho atual já evidenciaram que marcas inclusivas tendem a superar seus concorrentes, obter melhores retornos sobre o investimento e ganhar fidelidade de seu público final. Ignorar este cenário é arriscar perder oportunidades de crescimento e desenvolvimento.

Jéssica Paula é jornalista e vive com uma deficiência. Junto a seu par de muletas viajou por 37 países, totalizando mais de 200 mil km percorridos sozinha pelo mundo.


Saiba mais: Catho PCD: saiba como utilizar a plataforma gratuitamente

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