Saiba como é o trabalho de um correspondente internacional?

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Entrar ao vivo em um jornal trazendo informações do outro lado do mundo, realizar uma matéria no meio de uma tragédia a milhares de quilômetros do Brasil, acompanhar a visita de um líder de governo em outro país, estar no aeroporto no momento que a seleção brasileira chega para a copa do mundo, essas são algumas das atividades que um correspondente internacional tem em sua rotina de trabalho.

Mas o que é preciso fazer para ser correspondente internacional? Quais caminhos trilhar? Qual o sentimento que bate longe de casa? Tudo isso e muito mais vamos saber com nossa entrevistada, a jornalista Cleide Klock, 45 anos, natural de Santa Catarina e que atualmente reside em Los Angeles, de onde produz matérias especiais para o SBT, GNT, Rádio France Internacional e para jornais e revistas do Brasil.

Catho Educação: Como foi a escolha pelo jornalismo?
Cleide Klock: Minha irmã mais velha e meu ex-cunhado, ex-marido dela, são jornalistas e eu convivia com eles durante minha adolescência, época que escolhi minha profissão, foi fundamental. Falavam da profissão com tanta paixão que achei que eu também queria me apaixonar daquela maneira.

Lembro que deveria estar na oitava série quando mostrei para eles uma redação da escola e eles me falaram: Opa, você pode ser jornalista! Acho que decidi naquele momento e comecei a mergulhar nesse universo o do jornalismo.

CE: Conte um pouco da sua trajetória profissional antes de se tornar correspondente internacional.
CK: No último ano de faculdade, comecei a trabalhar no SBT de Santa Catarina, como repórter, por onde fiquei durante 2 anos. Em 2001, fui contratada pela RBS TV, afiliada da Globo em Santa Catarina, hoje NSC, por onde fiquei até 2009. Na RBS trabalhei como repórter, editora, produtora e apresentadora. A experiência que tive nas TV locais foram fundamentais para eu pensar em um salto um pouco maior.

Em 2007 peguei uma licença de três meses da RBS e fui fazer um estágio na empresa alemã Deutsche Welle, que me despertou a vontade de trabalhar fora do Brasil e contar para os brasileiros, com minha visão, o que acontece do lado de fora do nosso país.

CE: Mas o que é preciso para se tornar um correspondente internacional?
CK: A primeira coisa é aprender uma língua estrangeira que vai abrir as portas para essa jornada. No meu caso primeiro veio o alemão e na sequência, quando decidi mudar para os Estados Unidos, comecei a estudar mais inglês.

No meu caso também vim primeiro como correspondente da Deutsche Welle, em Nova York. Aos poucos fui conseguindo outros trabalhos como freelancer em revistas, jornais, rádios e para o SBT, para quem colaboro desde 2010.

CE: Existe algum padrão de perfil pessoal ou técnico para uma pessoa estar qualificada a se tornar correspondente internacional?
CK: Acho que é saber a língua estrangeira e estar sempre conectado com as notícias do mundo e do Brasil, pois sempre trabalhamos com um olho aqui e outro no Brasil, nessa conexão de como uma notícia pode afetar outros países.

CE: Quais as maiores dificuldades enfrentadas quando você está a milhares de quilômetros da sua terra natal?
CK: Sobreviver sem os amigos e sem a família por perto. Com certeza essas são as maiores dificuldades. Temos que nos virar e achar possibilidades para suprir essa falta, fazendo novos amigos. A internet hoje ajuda bastante, fico horas falando com meus pais por vídeo, mas o calor humano que faz falta.

CE: Estando em um país diferente, como os nativos te recebem para uma entrevista?
CK: Sou sempre super bem recebida, todos tem uma curiosidade grande sobre o Brasil, principalmente quem não conhece. E alguns tem uma visão de que somos um país muito alegre, com vários problemas sociais.

CE: E como é quando os brasileiros te reconhecem?
CK: É sempre muito bacana encontrar brasileiros por aqui e todos acham super legal encontrar uma brasileira na rua contando histórias.

CE: Em relação a salário, existe alguma diferenciação ou até mesmo compensação por estar em outro país?
CK: Isso também depende dos contratos. No meu caso, como freelancer, recebo por trabalhos que faço. Geralmente é acertado em dólar e assim que o dólar aumenta geralmente diminuem a quantidade de reportagem que pedem, ou seja, sou diretamente afetada.

CE: Por ser correspondente internacional o profissional precisa ficar um tempo determinado naquele país antes de retornar para o Brasil?
CK: Também depende de cada caso e política de cada empresa. Sei de algumas que não estipulam prazo e outras que te mandam por nove meses ou até 4 anos.

No meu caso, como vim independente, trabalho como freelancer e casei com um americano, o que me deu direito de permanecer no país, então não tenho prazo para voltar.

CE: O que muda no planejamento, produção e finalização de uma matéria sendo correspondente?
CK: Isso depende da estrutura do veículo para o qual você trabalha. No meu caso, para o SBT, eu que opero a câmera, produzo as entrevistas e mando o material. Isso faz com que eu tenha que fazer tudo muito mais rápido, já que preciso dar conta de todos os passos.

Muitas vezes trabalhamos com agências de notícias também, caso não possamos estar no lugar onde o fato aconteceu. A agência (AP, Reuters etc) manda as informações e imagens, vejo tudo isso, e aí fecho o meu texto e faço a passagem, momento esse em que o repórter aparece no vídeo.

CE: Como correspondente, qual matéria foi a mais difícil de fazer?
CK: Fiz uma matéria há um tempo sobre os sem-teto que moram no Havaí para a revista Carta Capital. Foi muito difícil e triste conversar com as famílias inteiras que moram na rua em um dos locais mais lindos do mundo.

Cleide Klock e Tom Cruise
Jornalista Cleide Klock e o ator Tom Cruise

CE: E das matérias produzidas, qual te marcou mais?
CK: Uma que foi muito marcante para a minha carreira foi uma viagem que fiz para cobrir o lançamento do filme No Limite do Amanhã. Durante 24 horas cobri três tapetes vermelhos em Londres, Paris e Nova York e as viagens entre essas cidades foi no avião do ator Tom Cruise, junto com ele. Foi incrível.

CE: Você já trabalhou na Alemanha e atualmente está nos EUA. Tem o sonho de ir para outro lugar?
CK: Todos os lugares e histórias do mundo me interessam. Já fiz reportagens em outros países, como Japão, México, Canadá e vários países da Europa. Mas, por enquanto, com filho pequeno fica difícil pensar em mais uma mudança.

CE: Qual recado você deixa para as pessoas que sonham em um dia serem correspondentes internacionais?
CK: Fazer o curso de jornalismo, aprender línguas estrangeiras e ser multimídia. Cada vez mais precisamos operar a câmera, o gravador, editar o material, produzir, escrever, gravar, tudo ao mesmo tempo. Tem que gostar de trabalhar sozinho, ter o olhar para ver possibilidades de matérias em todos os lugares e gostar de trabalhar contra o relógio.

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